segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Guerra do Paraguai nos olhos dos outros é refresco…



Com 11 m de comprimento e altura de prédio de 10 andares, homenagem a D. de Caxias em SP não causa polêmica 
Guardar mágoa dos portugueses pela colonização de exploração ou dos americanos por influenciar os hábitos das novas gerações e ameaçar a cultura local só fortalece a ideia de que o brasileiro carece de autocrítica. Um complexo de inferioridade quando convém e que protege do “imperialismo”. Mas o Brasil não se portou e não se porta apenas como vítima.

No entanto, as instituições locais não retratam qualquer remorso pelos posicionamentos opressores do país. Enquanto na Alemanha o nazismo é motivo de vergonha até hoje, as referências à Guerra do Paraguai estão espalhadas do Caburaí ao Chuí sem nenhum constrangimento. O conflito que reduziu a população paraguaia de 1,3 milhão de pessoas para pouco mais de 200 mil, promoveu seu líder a herói e nome de cidades. Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, são homenagens ao homem que promoveu o genocídio. Já o time de futebol Avaí, de Florianópolis, tem esse nome em referência a uma das batalhas, de mesmo nome.

Não vou entrar nos detalhes e motivações do embate que envolveu Argentina, Brasil e Uruguai contra o vizinho que não tinha saída para o mar. O método de usar armas biológicas para dizimar uma população mostra o caráter da “Tríplice Aliança”.

O mais irônico é que a iminência de uma eventual difusão dos ideais fascistas e nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, fez o governo brasileiro proibir referências a países do “Eixo” em nomes até de clubes. Dessa forma, duas agremiações chamadas Palestra Itália, uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte, passaram a se chamar Palmeiras e Cruzeiro, respectivamente. Também na capital paulista, o Sport Club Germânia foi “rebatizado” de Pinheiros. Não havia no escudo de nenhum dos clubes citados algum feixe, suástica ou qualquer referência aos regimes totalitários que aterrorizavam o mundo na época.
Uma das consequências mais temidas da globalização é a “padronização dos comportamentos”. Sair para assistir um filme hollywoodiano, comer um Big Mac e escutar um disco de uma banda americana no carro no retorno para casa virou um pacote comum, um programa feito por milhões de pessoas de origens diferentes pelos quatro cantos do mundo. A “cultura enlatada dos EUA” já virou alvo de críticas em músicas, aulas de história e discursos políticos. Mas e quando as novelas da Rede Globo são transmitidas para dezenas de países e influenciam no estilo de vida de populações tão distantes daqui? E quando crianças em meio a cenários de guerra vestem a camisa da Seleção Brasileira e, mesmo alheias ao processo político de seu turbulento país, sabem o nome dos principais jogadores que vestem a amarelinha, como já vi em matérias na TV? Ou quando o talento de Pelé é capaz de interromper uma guerra na África, apesar de todo o folclore que envolve a história? A única difusão cultural válida é a que vem pintada de verde e amarelo?

Pedir de volta o ouro aos portugueses é fácil. Guerra do Paraguai nos olhos dos outros é refresco...

Música de Legião Urbana criticava globalização

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